As Consequências da Antropomorfização Canina
Projeto de pesquisa apresentado como requisito parcial para a conclusão da disciplina TCC 1 do curso de graduação em Medicina Veterinária do Centro Universitário ICESP.
Autores: Leomar Jacinto Teixeira, Jose Donizete Ferreira Junior
Orientador: Prof. Lucas Cardoso Pereira
Brasília-DF, Março, 2025.
Resumo
Os animais de estimação são cada vez mais procurados pela sociedade atual, visto que a relação saudável entre humanos e animais oferece benefícios como níveis maiores de atividade física, pressão arterial mais baixa, respostas menores ao estresse, lipoproteínas melhoradas e menor incidência ou gravidade de depressão.
Esse trabalho abordou a origem do cão doméstico, a transição da espécie canina e como resultou a domesticação dos cães.
Além disso, o estudo proporcionou uma reflexão crítica sobre interações excessivas entre tutores e cães que podem culminar na antropomorfização (humanização) da espécie canina. Foram discutidos os efeitos dessa prática sobre o bem-estar canino, destacando possíveis consequências negativas como: ansiedade de separação, obesidade, agressividade, dificuldade de socialização, e excitabilidade.
A partir dessa reflexão e com o aumento da ocorrência da humanização canina, foi feito um relato de caso clínico-comportamental, que explica, na prática, os prejuízos que a antropomorfização excessiva pode causar na rotina e na qualidade de vida dos animais e de seus tutores, concluindo-se que é necessário aumentar a conscientização de tutores e profissionais da Medicina Veterinária sobre a importância de respeitar as necessidades da espécie canina, promovendo um manejo equilibrado que favoreça o bem-estar e o comportamento saudável dos cães.
Palavras-Chave: Antropomorfização; Ansiedade de separação; domesticação; comportamento canino.
Abstract
Pets are increasingly sought after by today's society, since a healthy relationship between humans and animals offers benefits such as higher levels of physical activity, lower blood pressure, lower responses to stress, improved lipoproteins, and lower incidence or severity of depression. This work addressed the origin of the domestic dog, how the canine species transitioned, and how the domestication of dogs resulted. In addition, the study provided a critical reflection on excessive interactions between guardians and dogs that can culminate in the anthropomorphization (humanization) of the canine species. The effects of this practice on canine well-being were discussed, highlighting possible negative consequences such as: separation anxiety, obesity, aggression, difficulty in socialization, and excitability. Based on this reflection and with the increase in the occurrence of canine humanization, a clinical-behavioral case report was made, which explains, in practice, the damage that excessive anthropomorphization can cause in the routine and quality of life of animals and their guardians, concluding that it is necessary to increase the awareness of guardians and Veterinary Medicine professionals about the importance of respecting the needs of the canine species, promoting balanced management that favors the well-being and healthy behavior of dogs.
Keywords: Anthropomorphization; Separation anxiety; domestication; canine behavior.
1. Introdução
A relação entre humanos e cães tem se desenvolvido ao longo da história, tornando-se cada vez mais próxima e afetiva. Nos dias atuais, é comum observar a prática da antropomorfização, que consiste em atribuir características e emoções humanas aos cães, especialmente em ambientes urbanos (Serpel, 2003). Essa tendência, embora pareça fortalecer os laços emocionais entre tutores e animais, pode trazer consequências negativas tanto para os cães quanto para a dinâmica dessa relação.
A humanização dos cães se manifesta em diversas práticas cotidianas, como o uso de roupas, a oferta de dietas especiais e a interpretação de comportamentos caninos sob uma perspectiva humana. Embora essas ações possam parecer benéficas para o vínculo afetivo, elas também podem resultar em problemas como distúrbios comportamentais, obesidade e dificuldades de adaptação ao comportamento natural da espécie (Archer, 2012). Esses desafios destacam a importância de compreender os limites entre o cuidado afetuoso e a humanização excessiva.
Por um lado, a antropomorfização pode trazer benefícios, como o aumento da atenção dos tutores às necessidades dos cães e a promoção de práticas que visam ao bem-estar animal (Horowitz, 2009). No entanto, a interpretação excessivamente humanizada do comportamento canino pode levar a erros de comunicação e manejo inadequado, prejudicando a qualidade de vida dos animais e sua interação com outros cães. Esses equívocos podem resultar em problemas como ansiedade de separação, agressividade e dificuldades de socialização.
Além disso, a superproteção e o tratamento dos cães como "filhos" podem interferir na disciplina e no entendimento dos limites dentro da relação tutor-animal. A falta de estrutura e regras claras pode gerar insegurança no animal, levando a distúrbios comportamentais que prejudicam sua qualidade de vida (Beaver, 2009). Portanto, é essencial buscar um equilíbrio entre o afeto e o respeito às necessidades naturais da espécie.
Diante desse contexto, este estudo busca analisar as principais consequências da antropomorfização canina, destacando seus impactos na saúde física e mental dos cães, bem como no comportamento dos tutores. Para isso, serão discutidos conceitos da etologia, bem-estar animal e psicologia humana, com o objetivo de contribuir para uma compreensão mais equilibrada e fundamentada dessa relação.
1.1 Justificativa
O estudo sobre a antropomorfização canina se faz necessário devido à crescente humanização dos animais de estimação e às implicações que esse fenômeno acarreta para o bem-estar animal e a prática veterinária. A compreensão dos impactos dessa relação pode auxiliar tutores e profissionais da área a desenvolverem abordagens mais equilibradas no cuidado com os cães.
1.2 Objetivos
1.2.1 Objetivo Geral
Mostrar o quanto é prejudicial a humanização de cães, trazendo exemplos reais, relatado por donos que buscam ajuda profissional para solucionar tais problemas.
1.2.2 Objetivos Específicos
- Investigar as razões que levam os tutores a antropomorfizarem seus cães e como isso influencia o comportamento animal;
- Avaliar as consequências da antropomorfização na saúde física e emocional dos cães;
- Examinar como a antropomorfização afeta a comunicação entre cães e humanos;
- Conscientizar e Identificar estratégias e recomendações para um manejo mais equilibrado e respeitoso das necessidades naturais dos cães.
2. Revisão de Literatura
2.1 Histórico da domesticação canina
A história evolutiva dos cães domésticos (Canis lupus familiaris) remonta aos lobos cinzentos (Canis lupus), com os quais compartilham 71 de 90 padrões comportamentais (Beaver, 2004). Originalmente, os lobos primitivos tinham como principal atividade a caça em grupo, perseguindo presas que variavam de coelhos a cervos. No entanto, ao longo do processo evolutivo, alguns lobos com menos habilidades para caçar começaram a se aproximar de assentamentos humanos em busca de restos de alimentos descartados nas proximidades dos acampamentos. Esse comportamento permitiu que lobos menos temerosos fossem acolhidos pelos humanos, dando início ao processo de domesticação (Beaver, 2001; Horowitz, 2010).
Assim, ocorreu a transição de lobo para cão, e estudos indicam que essa diferenciação ocorreu entre 40 e 100 mil anos atrás (Botigué et al., 2017). A relação entre cães e seres humanos começou a se consolidar há aproximadamente 15 mil anos, quando os humanos deixaram de ser nômades e se tornaram sedentários, desenvolvendo a agricultura. A partir desse momento, os cães passaram por uma mudança significativa em suas funções: de caçadores e auxiliares na caça, eles foram reconhecidos como excelentes pastores de gado, por exemplo (Fogle, 2009). Essa nova dinâmica fortaleceu ainda mais a relação entre humanos e cães, já que, como observado por Fogle (2009, p. 19), "assim como protegem a família humana, os cães fazem o mesmo com o gado se forem criados desde cedo com esses animais."
Com o tempo, a proximidade entre humanos e cães evoluiu a ponto de os cães desenvolverem a capacidade de reconhecer e interpretar expressões faciais humanas. Além disso, os cães mantêm comportamentos mais infantis mesmo na fase adulta, uma característica que traz benefícios ao longo do tempo (Faranco, 2008). Essa tendência à neotenia a retenção de traços juvenis na vida adulta facilitou a convivência com os humanos, fortalecendo ainda mais os laços entre as duas espécies.
2.2 Etologia
A etologia é a ciência que estuda o comportamento animal sob uma perspectiva biológica e evolutiva, analisando como os instintos, o aprendizado e a adaptação influenciam as ações dos animais em diferentes contextos (Alcok, 2013). No caso dos cães, a etologia tem um papel fundamental para entender sua comunicação, necessidades sociais e formas naturais de interação. No entanto, a crescente antropomorfização a atribuição de características humanas a esses animais pode distorcer sua verdadeira natureza, resultando em desafios comportamentais e impactos negativos no bem-estar animal (Serpell, 2003).
2.3 A Comunicação canina V.S Interpretação Humana
Cães possuem formas próprias de comunicação, baseadas em sinais corporais, posturas, vocalizações e expressões faciais (Beaver, 2009). No entanto, tutores frequentemente interpretam esses comportamentos sob uma ótica humana, o que pode levar a mal-entendidos. Por exemplo, o ato de um cão mostrar os dentes nem sempre significa agressividade, podendo ser um comportamento de submissão. Da mesma forma, um bocejo pode ser erroneamente visto como sinal de sono, quando, na verdade, pode indicar estresse ou desconforto (Horowitz, 2009).
2.4 Comportamento Natural x Comportamento Induzido pela Antropomorfização
A domesticação moldou significativamente o comportamento dos cães, tornando-os altamente adaptáveis à convivência com humanos (Miklosi, 2015). Entretanto, mesmo após milênios de convivência, suas necessidades instintivas permanecem ativas. A privação de atividades naturais, como caça simulada, exploração e interação social com outros cães, pode levar ao desenvolvimento de comportamentos indesejados, como ansiedade, compulsões e agressividade (Bérubé & Frank, 2020).
A humanização excessiva, como tratar cães como "bebês" ou "filhos", pode interferir na disciplina e no entendimento dos limites dentro da relação tutor-animal. A falta de estrutura e regras claras pode gerar insegurança no animal, levando a distúrbios comportamentais, como a ansiedade de separação (Parker et al., 2019).
2.5 Impactos da Antropomorfização na Socialização e Aprendizado
A socialização desempenha um papel crucial para o equilíbrio emocional dos cães. Pesquisas mostram que a exposição a diversos estímulos e a interação com outros cães e pessoas desde a fase de filhote são fundamentais para o desenvolvimento de um comportamento estável e adaptável (Scott & Fuller, 1965). No entanto, tutores que superprotegem seus cães e evitam interações com outros animais, com medo de conflitos, podem acabar prejudicando o processo de socialização. Isso pode resultar em cães inseguros e reativos, com dificuldades para se adaptar a diferentes situações (Mariti et al., 2015).
A prática de humanizar os cães pode trazer tanto benefícios quanto malefícios. Entre os aspectos positivos, destaca-se o aumento dos cuidados com os animais, impulsionando o crescimento do mercado pet. Por outro lado, a humanização excessiva pode levar a problemas como doenças relacionadas à alimentação, como a obesidade, e distúrbios psicológicos, como a síndrome de ansiedade de separação. Nos últimos cinco anos, o mercado pet cresceu 87%, segundo dados da Euromonitor International. A proximidade intensa entre tutores e cães permite que os humanos percebam mais facilmente mudanças comportamentais nos animais, que podem indicar problemas de saúde física ou mental. Durante a pandemia, o mercado pet teve um crescimento significativo, impulsionado pela adoção de animais como forma de suprir a necessidade de companhia e afeto durante o isolamento social (Super Varejo, 2022).
No entanto, essa proximidade excessiva pode aumentar a dependência dos cães em relação aos humanos, exigindo cuidados que, em condições normais, seriam desnecessários. Tutores com rotinas agitadas muitas vezes não conseguem dedicar o tempo e a atenção necessários aos seus pets, o que pode levar a comportamentos problemáticos, como agressividade e automutilação (Providelo; Tartaglia, 2013). Outro ponto preocupante ocorre quando filhotes são separados de suas mães antes da décima semana de vida, período crucial para a construção de suas primeiras relações sociais. Nesses casos, os cães podem não aprender comportamentos naturais da espécie, já que não tiveram a oportunidade de conviver com outros cães e com a cadela. Dessa forma, a herança genética não é suficiente, e eles desenvolvem um apego excessivo aos seus primeiros cuidadores (Heidrich, 2012).
2.6 A Humanização Canina e a Legislação de Proteção Animal
A prática da antropomorfização, quando realizada de maneira excessiva ou sem o devido conhecimento sobre as reais necessidades da espécie canina, pode representar riscos não apenas ao bem-estar físico e emocional dos animais, mas também infringir a legislação vigente de proteção animal no Brasil.
Desde a década de 1930, a legislação brasileira já previa dispositivos para coibir práticas de maus-tratos. A Lei nº 24.645, de 10 de julho de 1934, considerada a primeira norma de proteção animal no país, em seu artigo $3^{\circ}$, estabelece que:
"Todos os animais existentes no País são tutelados do Estado" (BRASIL, 1934).
Além disso, a Constituição Federal de 1988, em seu artigo 225, §1°, inciso VII, reforçou a proteção ao determinar que o poder público deve:
"Proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade" (BRASIL, 1988).
A proteção jurídica foi posteriormente ampliada com a Lei nº 9.605/1998 (Lei de Crimes Ambientais), que em seu artigo 32 criminaliza:
"Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos", com previsão de pena de detenção e multa (BRASIL, 1998).
No contexto da humanização canina, muitas práticas tidas como demonstrações de afeto podem, inadvertidamente, violar esses dispositivos legais. Exemplos incluem:
- Vestir o animal com roupas inadequadas, causando sofrimento térmico;
- Forçar o cão a participar de atividades incompatíveis com sua natureza, como permanecer longos períodos em ambientes com som alto ou aglomerações humanas;
- Alimentar o animal de maneira imprópria, utilizando dietas humanas sem orientação veterinária, gerando quadros de desnutrição ou intoxicação;
- Privar o cão de suas necessidades comportamentais básicas, como caminhadas, brincadeiras exploratórias e interação social com outros cães.
A interpretação da legislação vem se ampliando ao longo dos anos, acompanhando o avanço das ciências veterinárias e do bem-estar animal. Assim, torna-se fundamental que os tutores compreendam que o cuidado responsável vai além da afetividade humana, exigindo respeito às necessidades biológicas e comportamentais específicas de cada espécie.
2.7 Terapias Alternativas para Desvios de Comportamento em Cães
Diversas estratégias terapêuticas podem ser utilizadas no tratamento dos desvios comportamentais gerados pela antropomorfização canina. Além da modificação comportamental tradicional, métodos integrativos como a utilização de Florais de Bach, aromaterapia, musicoterapia, acupuntura e massoterapia têm ganhado destaque. Essas terapias visam o equilíbrio emocional dos animais e devem ser aplicadas por profissionais capacitados, considerando sempre as particularidades da espécie. O enriquecimento ambiental e a reorganização da rotina também são fundamentais para promover o bem-estar e prevenir recaídas. Em casos mais severos, a intervenção medicamentosa pode ser necessária, sempre sob prescrição de médico veterinário.
Florais de Bach
Nos últimos anos, tem-se observado um aumento significativo na procura por terapias integrativas e complementares no cuidado com animais de companhia. Dentre essas abordagens, destaca-se o uso dos Florais de Bach, um sistema terapêutico desenvolvido pelo médico inglês Edward Bach na década de 1930. Baseada na utilização de essências florais naturais, essa terapia busca atuar no equilíbrio emocional dos indivíduos, incluindo os animais, por meio de princípios da medicina vibracional (DIAS; DANTAS, 2017).
No âmbito da medicina veterinária comportamental, os distúrbios emocionais e comportamentais em cães, como ansiedade de separação, medo de ruídos, agressividade, hiperatividade e dificuldades de adaptação, representam desafios frequentes para tutores e profissionais. O uso dos Florais de Bach, nesse contexto, tem sido considerado uma ferramenta complementar de apoio, não invasiva e sem contraindicações conhecidas, que visa colaborar com o reequilíbrio emocional dos animais (MACHADO; CASTRO, 2020).
Embora a base científica da terapia floral ainda seja alvo de debate, especialmente quanto aos mecanismos de ação, há relatos clínicos e observacionais que sustentam sua aplicabilidade prática, especialmente quando associada a métodos de adestramento positivo, enriquecimento ambiental e acompanhamento veterinário especializado (REIS; RODRIGUES, 2018). Assim, estudar o uso dos Florais de Bach no manejo comportamental de cães representa uma oportunidade de ampliar a compreensão sobre abordagens integrativas no cuidado à saúde animal, respeitando o bem-estar físico e emocional dos pacientes.
Entre as aplicações mais comuns, destacam-se os seguintes métodos:
- Medo de ruídos intensos (fogos, trovões, aspirador de pó): Florais como Mimulus, Rock Rose e Aspen são tradicionalmente utilizados para ajudar cães com medo específico ou sensação de ameaça desconhecida.
- Ansiedade de separação: Cães que demonstram sofrimento na ausência de seus tutores podem se beneficiar do uso de Chicory, Heather e Red Chestnut.
- Agressividade (por medo ou territorialidade): Holly, Vine e Beech são empregados para amenizar reações agressivas ou intolerância a outros animais e pessoas.
- Transtornos causados por traumas ou abandono: Cães resgatados ou vítimas de maus-tratos podem responder bem ao Star of Bethlehem, que auxilia na recuperação de traumas emocionais, e ao Rescue Remedy, fórmula emergencial para situações de estresse agudo.
- Apego excessivo ou carência afetiva: Heather e Chicory ajudam cães que demandam atenção constante ou apresentam comportamento excessivamente dependente.
- Hiperatividade e impulsividade: Para cães com comportamento acelerado, inquieto ou impaciente, são indicadas essências como Impatiens e Vervain.
- Dificuldade de adaptação a mudanças: Situações como mudança de ambiente, chegada de novos membros na família ou adoção podem ser amenizadas com o uso de Walnut e Honeysuckle, que favorecem o processo de adaptação e desapego.
Essas aplicações são baseadas em princípios emocionais observados na prática clínica e relatados por terapeutas florais e veterinários integrativos. No entanto, ainda carecem de maior respaldo científico em estudos controlados e randomizados. É fundamental ressaltar que o uso dos Florais de Bach não substitui o atendimento veterinário ou comportamental convencional. Os melhores resultados são obtidos quando a terapia floral é associada a técnicas de adestramento positivo, enriquecimento ambiental e manejo adequado. O ideal é que a escolha das essências seja realizada por um terapeuta floral ou médico veterinário com formação em terapias integrativas, que possa individualizar a formulação de acordo com o quadro comportamental apresentado.
Aromaterapia
A aromaterapia é uma prática terapêutica baseada no uso de óleos essenciais extraídos de plantas aromáticas com o objetivo de promover bem-estar físico, emocional e energético. No contexto da medicina veterinária integrativa, a aromaterapia tem sido aplicada como estratégia complementar no manejo de distúrbios comportamentais em cães, com foco na modulação emocional de forma não invasiva (SOUZA; LIMA, 2019).
Os óleos essenciais atuam principalmente através da via olfativa, estimulando o sistema límbico área do cérebro relacionada às emoções e comportamentos. Essa atuação permite respostas fisiológicas como redução da frequência cardíaca, relaxamento muscular e diminuição do nível de cortisol, o hormônio do estresse (TEIXEIRA et al., 2020). Além da inalação, os óleos também podem ser utilizados de forma tópica, respeitando as diluições adequadas e com orientação profissional.
Dentre os óleos mais empregados em cães destacam-se:
- Lavanda (Lavandula angustifolia): Calmante natural, indicada para casos de ansiedade, medo de ruídos e hiperatividade.
- Camomila (Chamaemelum nobile): Possui efeito sedativo suave, sendo útil em cães com insônia, irritabilidade ou estresse.
- Vetiver (Vetiveria zizanoides): Utilizado para cães ansiosos ou com dificuldade de concentração, promovendo sensação de segurança.
- Laranja doce (Citrus sinensis): Ação antidepressiva leve, pode melhorar o humor de cães apáticos ou deprimidos.
- Frankincense (Boswellia carterii): Estimulante emocional com efeito centrador, indicado em processos de transição ou luto.
É importante destacar que nem todos os óleos essenciais são seguros para uso em animais, sendo necessária a supervisão de um médico veterinário capacitado ou de um aromaterapeuta com formação em clínica veterinária. Além disso, deve-se atentar à concentração, forma de administração (difusor, spray, colar aromático, massagem) e individualidade do paciente, considerando possíveis reações adversas (FERREIRA et al., 2021).
A aplicação da aromaterapia como prática complementar tem se mostrado especialmente eficaz quando integrada a outras estratégias, como adestramento positivo, enriquecimento ambiental e uso de florais. Seu uso busca promover o bem-estar emocional do animal de forma natural, contribuindo para um tratamento mais humanizado e respeitoso às particularidades comportamentais de cada indivíduo.
Musicoterapia
A musicoterapia é uma abordagem terapêutica que utiliza a música e seus elementos som, ritmo, melodia e harmonia com o objetivo de promover benefícios físicos, emocionais, cognitivos e sociais. Embora sua origem esteja associada ao cuidado humano, sua aplicação na medicina veterinária tem crescido, especialmente no contexto do manejo comportamental de cães com alterações emocionais como estresse, ansiedade, medo, agressividade e dificuldade de socialização (PEREIRA; LIMA, 2018).
A exposição a determinados tipos de música pode induzir estados de relaxamento, reduzir níveis de cortisol (hormônio do estresse), diminuir a frequência cardíaca e promover um ambiente mais tranquilo. Estudos demonstram que cães expostos à música clássica, por exemplo, apresentam comportamento mais calmo, menor vocalização excessiva e maior tempo em repouso (WELLS, 2002; LINDAUER et al., 2019).
Dentre os gêneros musicais mais eficazes no contexto da musicoterapia canina, destacam-se:
- Música clássica suave (ex.: Mozart, Bach): Promove relaxamento, redução de latidos e alívio da ansiedade.
- Sons da natureza (como água corrente e canto de pássaros): Favorecem estados de tranquilidade e adaptação a novos ambientes.
- Música instrumental com ritmo lento: Estimula a sensação de segurança e pode ser útil em ambientes hospitalares ou durante procedimentos.
A musicoterapia pode ser utilizada em abrigos, clínicas veterinárias, lares temporários ou residências, sendo especialmente útil em momentos potencialmente estressantes, como consultas, internações, viagens, fogos de artifício, mudanças de ambiente ou ausência do tutor. Além disso, trata-se de uma prática não invasiva, segura, de baixo custo e com efeito cumulativo positivo, especialmente quando associada a outras terapias como enriquecimento ambiental, florais de Bach e aromaterapia (SILVA et al., 2020).
É importante considerar, entretanto, a individualidade comportamental do animal, pois nem todos os cães respondem da mesma forma aos estímulos sonoros. O ideal é observar a reação do animal à música e ajustar o tipo, o volume e a frequência de uso conforme necessário.
Acupuntura Veterinária
A acupuntura é uma prática terapêutica milenar da Medicina Tradicional Chinesa (MTC), reconhecida por sua eficácia no tratamento de diversas enfermidades. Na medicina veterinária, seu uso tem se expandido tanto na clínica de dor quanto como ferramenta complementar no manejo comportamental de cães, atuando no reequilíbrio energético e emocional dos animais (SILVA et al., 2019).
Segundo os princípios da MTC, os distúrbios comportamentais podem estar relacionados a desequilíbrios dos meridianos e dos chamados "órgãos zang fu". A acupuntura atua estimulando pontos específicos do corpo (acupontos), promovendo a homeostase do organismo e influenciando positivamente o sistema nervoso, endócrino e imunológico. Estudos apontam que a aplicação da acupuntura em cães pode modular a liberação de neurotransmissores como serotonina, dopamina e endorfinas, contribuindo para a redução de quadros de ansiedade, agressividade, medo e depressão (FREITAS; OLIVEIRA, 2020).
Aplicações comportamentais mais comuns:
- Ansiedade de separação e estresse crônico: estimulação de pontos como GV20 (Bai Hui) e HT7 (Shen Men) promove relaxamento e estabilidade emocional.
- Fobias e medo de ruídos: acupontos como BL15 (Xin Shu) e K13 (Tai Xi) ajudam a fortalecer o Shen (mente/espírito) e reduzir reações exageradas a estímulos externos.
- Agressividade e irritabilidade: pontos como LIV3 (Tai Chong) e GV14 (Da Zhui) são usados para equilibrar o elemento Fogo e dispersar o excesso de Yang.
- Distúrbios comportamentais pós-trauma ou abandono: acupuntura associada a outras terapias integrativas (como florais ou fitoterapia chinesa) tem mostrado bons resultados em cães resgatados, promovendo calma e readaptação emocional.
Além da técnica tradicional com agulhas, também são utilizadas outras modalidades como a eletroacupuntura, moxabustão, laseracupuntura e acupuntura auricular, de acordo com o caso clínico e a aceitação do animal. A escolha da abordagem deve ser individualizada e realizada por profissional médico veterinário habilitado em acupuntura, conforme normas do CFMV (Conselho Federal de Medicina Veterinária).
A acupuntura é considerada segura, pouco invasiva e com baixa ocorrência de efeitos colaterais. Quando integrada a programas de enriquecimento ambiental e adestramento positivo, pode potencializar os resultados terapêuticos, melhorando a qualidade de vida dos pacientes caninos e promovendo seu bem-estar físico e emocional.
Massoterapia e Tellington TTouch
A massoterapia veterinária é uma prática integrativa que consiste na aplicação de técnicas manuais com o objetivo de estimular tecidos moles, aliviar tensões, melhorar a circulação sanguínea e linfática, reduzir a dor e promover o relaxamento. No contexto comportamental, a massagem pode ser utilizada como coadjuvante no tratamento de ansiedade, estresse, agitação, medo e traumas, proporcionando bem-estar físico e emocional aos cães (FARIA et al., 2019).
A técnica atua sobre o sistema nervoso autônomo, estimulando a liberação de neurotransmissores como serotonina, dopamina e oxitocina, que estão diretamente relacionados a estados de calma e segurança. A massoterapia também melhora a percepção corporal, tornando o animal mais receptivo ao toque, o que é especialmente útil em cães traumatizados ou com histórico de abuso (SOUZA; AMARAL, 2020).
Os efeitos positivos da massagem são potencializados quando combinados com música ambiente, florais ou aromaterapia, integrando diferentes abordagens não invasivas. Ressalta-se, porém, que a massoterapia deve ser realizada por profissional capacitado, com conhecimento em anatomia e fisiologia animal, respeitando os limites do cão e evitando manobras dolorosas ou invasivas.
O método Tellington TTouch®, desenvolvido pela canadense Linda Tellington-Jones, é uma técnica de toque consciente voltada para o bem-estar de animais. Baseia-se em movimentos circulares, deslizantes e lifting (elevações suaves da pele), aplicados sobre o corpo do animal com o objetivo de estimular a consciência corporal, aliviar tensões físicas e promover equilíbrio emocional (REZENDE; MOURA, 2021).
Diferente da massoterapia convencional, o TTouch® foca na comunicação e na percepção entre tutor e animal, ativando áreas do sistema nervoso parassimpático que induzem ao relaxamento. Estudos e relatos clínicos indicam que o método pode ajudar significativamente em casos de fobia, ansiedade de separação, hiperatividade, reatividade, traumas e resistência ao toque (ROSSI, 2020).
Além dos toques, o método inclui o uso de faixas corporais, exercícios de consciência corporal e condução em labirintos com obstáculos, que ajudam o animal a desenvolver equilíbrio físico e emocional. Por ser uma técnica gentil, educativa e baseada na confiança, é altamente indicada para cães sensíveis, medrosos ou resgatados.
Assim como outras terapias integrativas, o TTouch® não substitui a abordagem clínica convencional, mas pode atuar de forma complementar, sobretudo quando aliado ao adestramento positivo, enriquecimento ambiental e terapias vibracionais.
O tratamento comportamental de cães pode envolver, além de terapias ambientais, treinamento e abordagens integrativas, o uso de medicamentos psicotrópicos, especialmente em casos moderados a graves, onde há prejuízo ao bem-estar do animal e riscos à convivência familiar. A farmacoterapia é indicada principalmente quando há presença de transtornos de ansiedade, fobias, agressividade, compulsões ou comportamentos estereotipados persistentes, que não respondem adequadamente apenas a técnicas de modificação comportamental (MILLS; HEATH, 2014).
2.8 Uso de Fármacos no Manejo Comportamental de Cães:
O manejo comportamental de cães, especialmente em casos de distúrbios emocionais ou comportamentais graves, muitas vezes requer a associação entre a modificação comportamental e o uso de fármacos. A farmacoterapia tem como objetivo principal modular os processos neuroquímicos envolvidos nas respostas emocionais negativas, facilitando o aprendizado de novos comportamentos e promovendo o bem-estar animal (AMORIM; SANTOS; PEREIRA, 2020).
Entre as principais indicações para o uso de fármacos em cães estão a ansiedade de separação, fobias específicas (como medo de ruídos, tempestades ou fogos de artifício), agressividade com base emocional, comportamentos compulsivos (ex.: lambedura excessiva, perseguição do próprio rabo) e transtornos de medo generalizado. Nesses casos, os fármacos atuam como ferramentas auxiliares, permitindo ao animal responder de forma mais adequada às intervenções comportamentais propostas (CUNHA; OLIVEIRA, 2018).
As classes farmacológicas mais comumente utilizadas incluem os antidepressivos, ansiolíticos, moduladores de neurotransmissores e fármacos adjuvantes. Dentre os antidepressivos, destacam-se os inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS), como a fluoxetina, e os antidepressivos tricíclicos, como a clomipramina. Ambos são eficazes no controle de comportamentos compulsivos e da ansiedade de separação, embora apresentem diferenças em seus perfis farmacocinéticos e efeitos adversos (KING; PAGEAT, 2015).
Ansiolíticos da classe dos benzodiazepínicos, como o diazepam e o alprazolam, são utilizados principalmente em situações de fobia aguda, com ação rápida, porém seu uso contínuo não é recomendado devido ao potencial de dependência, sedação excessiva e, em alguns casos, aumento da agressividade. Outros fármacos, como a trazodona e a gabapentina, têm sido empregados com sucesso no controle da ansiedade situacional, como em consultas veterinárias ou eventos estressantes (MARTINS; ALMEIDA, 2019).
Adicionalmente, a selegilina, um inibidor da monoamina oxidase do tipo B (IMAO-B), é indicada para casos de disfunção cognitiva em cães geriátricos, promovendo melhora na interação social e nos padrões de sono. Betabloqueadores como o propranolol também podem ser utilizados para atenuar manifestações somáticas de medo, como taquicardia e tremores (SILVA; GOMES, 2021).
O uso de qualquer fármaco deve ser precedido por uma avaliação comportamental minuciosa e prescrito exclusivamente por médico-veterinário capacitado, considerando fatores como histórico clínico, idade, comorbidades, interações medicamentosas e características individuais do animal. Além disso, é essencial que a farmacoterapia seja acompanhada de um plano estruturado de reabilitação comportamental, incluindo enriquecimento ambiental, condicionamento positivo e envolvimento dos tutores no processo (AMORIM; SANTOS; PEREIRA, 2020).
Portanto, os fármacos representam uma ferramenta valiosa no manejo de distúrbios comportamentais caninos, desde que utilizados com critério, responsabilidade e em conjunto com estratégias comportamentais adequadas. O enfoque multidisciplinar é fundamental para promover a saúde mental e a qualidade de vida dos cães, respeitando suas necessidades emocionais e comportamentais (CUNHA; OLIVEIRA, 2018).
- Inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRSs): como a fluoxetina, são comumente prescritos para transtornos de ansiedade generalizada, ansiedade de separação e comportamentos compulsivos. Têm efeito gradual, geralmente após 2 a 4 semanas de uso contínuo.
- Tricíclicos antidepressivos (TCAs): como a clomipramina, indicados para casos de ansiedade e comportamentos repetitivos. Podem causar mais efeitos colaterais do que os ISRSs, como sedação ou alterações gastrointestinais.
- Ansiolíticos benzodiazepínicos: como o diazepam e alprazolam, usados para fobias específicas (ex.: medo de fogos ou tempestades), devido ao início de ação rápido. Seu uso prolongado é desaconselhado pelo risco de dependência e sedação excessiva.
- Moduladores de neurotransmissores: como a selegilina (um inibidor da monoamina oxidase- ), indicada para síndromes cognitivas em cães idosos.
A introdução de medicamentos deve ser sempre realizada por médico veterinário com formação em comportamento animal, após avaliação clínica completa. A farmacoterapia raramente é utilizada isoladamente; o ideal é que esteja associada a adestramento com reforço positivo, enriquecimento ambiental e intervenções comportamentais personalizadas (SCHWARTZ, 2002).
É essencial informar os tutores sobre o tempo de latência para o efeito terapêutico, possíveis efeitos adversos e a necessidade de acompanhamento contínuo. A escolha do fármaco depende do diagnóstico, da intensidade dos sintomas e do histórico do animal.
Uso da Cannabis como fármaco
O uso da cannabis e seus derivados tem ganhado destaque como alternativa terapêutica no manejo de distúrbios comportamentais em cães, especialmente em casos de ansiedade, dor crônica e estresse. Os compostos ativos, como o canabidiol (CBD) e o tetrahidrocanabinol (THC), atuam no sistema endocanabinoide, modulando respostas neuroquímicas relacionadas ao comportamento e à emoção (FERREIRA; ALMEIDA, 2022).
Estudos indicam que o CBD possui propriedades ansiolíticas, anti-inflamatórias e neuroprotetoras, sem os efeitos psicoativos associados ao THC. Em cães, a administração controlada de CBD tem mostrado redução significativa dos sintomas de ansiedade de separação, agressividade e hiperatividade, quando associada a protocolos comportamentais adequados (MARTINS; SOUZA, 2023).
No entanto, a utilização de produtos derivados da cannabis em medicina veterinária ainda enfrenta desafios regulatórios e a necessidade de mais pesquisas clínicas para estabelecer dosagens seguras e eficazes. O THC, por sua vez, pode provocar efeitos adversos como sedação excessiva, ataxia e taquicardia, sendo contraindicado em doses elevadas (SILVA; RODRIGUES, 2021).
A prescrição e acompanhamento do tratamento com cannabis devem ser realizados exclusivamente por médico-veterinário capacitado, considerando o histórico clínico do animal e a legislação vigente. Além disso, o uso deve ser integrado a um plano multidisciplinar que contemple modificação comportamental e monitoramento constante dos efeitos terapêuticos (PEREIRA; COSTA, 2022).
Portanto, apesar do potencial promissor da cannabis no manejo comportamental de cães, sua utilização deve ser feita com cautela, embasada em evidências científicas sólidas e sempre respeitando as normas legais aplicáveis (FERREIRA; ALMEIDA, 2022).
2.9 Desafios no Atendimento a Cães com Comportamento Indesejado
O manejo de cães com comportamentos indesejados, como agressividade, medo exacerbado e ansiedade, representa um grande desafio para profissionais que atuam em clínicas veterinárias, hotéis para animais e estabelecimentos de banho e tosa. Esses locais, por suas características, muitas vezes provocam estresse e desconforto nos animais, agravando manifestações comportamentais problemáticas (SILVA; MARTINS, 2019).
Na clínica veterinária, procedimentos como exames, manipulação física e intervenções médicas podem desencadear respostas de medo e agressividade, dificultando a execução dos cuidados necessários. Além disso, o ambiente estranho, o cheiro de outros animais e a presença de ruídos podem intensificar o estresse, aumentando o risco de acidentes para profissionais e para os próprios animais (PEREIRA; OLIVEIRA, 2020).
Hotéis e creches para cães enfrentam desafios similares, pois a socialização inadequada, o convívio com outros cães e a separação dos tutores podem gerar comportamentos como latidos excessivos, destruição de objetos, fuga e agressividade. Esses comportamentos impactam negativamente o bem-estar do animal e a segurança do ambiente (GONÇALVES; SOUZA, 2018).
Nos estabelecimentos de banho e tosa, o contato próximo e muitas vezes invasivo, aliado à manipulação física, pode provocar resistência e até agressão, principalmente em animais com histórico comportamental negativo. A falta de preparo dos profissionais para lidar com esses casos pode resultar em situações de estresse extremo para o cão e em riscos ocupacionais para os trabalhadores (CARVALHO; LIMA, 2021).
A capacitação da equipe, o conhecimento em manejo comportamental e o uso de técnicas de modificação comportamental, como o reforço positivo, são fundamentais para minimizar os riscos e melhorar a experiência do animal. Além disso, a adoção de protocolos específicos, avaliação prévia do comportamento e, quando necessário, o uso de ansiolíticos sob supervisão veterinária podem ser estratégias eficazes (FERREIRA; ALMEIDA, 2022).
Em suma, o atendimento a cães com comportamentos indesejados exige um enfoque multidisciplinar, envolvendo preparação dos profissionais, adaptação ambiental e intervenções individualizadas, para garantir segurança, bem-estar e qualidade nos serviços prestados (SILVA; MARTINS, 2019).
2.10 Desafios no manejo e Métodos de abordagem de adestramentos
O adestramento de cães tem como base o uso do reforço positivo e a comunicação clara entre o tutor e o animal (Beaver, 2009). No entanto, quando os tutores projetam emoções humanas em seus cães, podem acabar negligenciando a aplicação de regras consistentes. Muitos acreditam, por exemplo, que a disciplina pode causar sofrimento emocional ao animal, o que leva à falta de limites claros (Mariti et al., 2015). Essa abordagem pode resultar em confusão e insegurança para o cão, dificultando seu processo de aprendizado e adaptação.
Outro desafio comum é a interpretação equivocada das expressões faciais e posturas corporais dos cães. Muitos tutores interpretam erroneamente que seus cães demonstram "culpa" quando fazem algo considerado errado. Na realidade, a expressão corporal do animal muitas vezes reflete um comportamento de apaziguamento, que é uma resposta aprendida ao tom de voz ou à linguagem corporal do tutor (Horowitz, 2009). Essa interpretação incorreta pode levar a punições inadequadas ou até mesmo ao reforço involuntário de comportamentos indesejados, prejudicando o desenvolvimento do cão.
Métodos
O adestramento canino é um conjunto de técnicas aplicadas com o objetivo de ensinar comportamentos desejáveis aos cães, melhorar a convivência com humanos e prevenir ou corrigir comportamentos inadequados. As abordagens variam conforme os objetivos, a filosofia de trabalho e a compreensão do comportamento animal, podendo ser divididas em diferentes tipos.
- Adestramento Tradicional (ou coercitivo): Baseado em técnicas de reforço negativo e punição positiva, este método busca a obediência por meio da correção de comportamentos indesejados, utilizando enforcadores, trancos na guia ou comandos firmes. Embora possa gerar resultados rápidos, é frequentemente criticado por causar estresse, medo e prejuízos ao vínculo entre cão e tutor (BLACKWELL et al., 2008).
- Adestramento Positivo (ou com reforço positivo): Essa abordagem utiliza recompensas, como petiscos, brinquedos ou carinho, para reforçar comportamentos desejados. É baseada nos princípios da psicologia comportamental e visa construir uma relação de confiança e cooperação entre cão e treinador. É atualmente o método mais recomendado por especialistas em comportamento animal (ROONEY; COWAN, 2011).
- Adestramento com Clicker (condicionamento operante): É uma forma de adestramento positivo que utiliza um dispositivo sonoro chamado clicker para marcar precisamente o momento em que o cão executa o comportamento correto. O som é imediatamente seguido por uma recompensa, facilitando o aprendizado e a associação (Pryor, 2002).
- Adestramento Funcional ou de Rotina: Foca na integração do cão ao cotidiano do tutor, ensinando comandos e comportamentos úteis para a rotina, como sentar, deitar, esperar, caminhar sem puxar, entrar no carro, entre outros. Pode utilizar métodos mistos, priorizando a recompensa e o reforço da convivência harmoniosa (FUGAZZA, 2014).
- Adestramento de Cães de Assistência ou de Trabalho: É uma modalidade especializada, voltada para treinar cães-guia, cães de serviço, cães de terapia ou cães policiais. Requer protocolos específicos, maior tempo de treinamento e reforço contínuo, com foco em tarefas complexas e comportamentos de alta confiabilidade (WOBBER; HARE, 2009).
- Adestramento para Reabilitação Comportamental: Voltado a cães com distúrbios comportamentais, como agressividade, fobias, ansiedade de separação ou reatividade, este tipo de adestramento deve ser conduzido por profissionais experientes, muitas vezes com apoio de veterinários comportamentalistas. Utiliza reforço positivo, dessensibilização e contracondicionamento como principais ferramentas (SCHWARTZ, 2002).
2.11 Relato de Caso Clínico
1. Identificação do Paciente
- Nome: Thor
- Espécie: Canina
- Raça: Golden Retriever
- Sexo: Macho, castrado
- Idade: 4 anos
- Tutor: Sr. Carlos Oliveira
2. Queixa Principal
O tutor relatou que Thor passou a apresentar comportamentos inadequados, como destruição de objetos (principalmente portas e móveis), além de vocalizações excessivas (latidos e uivos), sempre que permanece sozinho em casa. Os episódios ocorrem de forma recorrente, sendo observados em praticamente todas as ausências do tutor. O início dos sinais coincidiu com a mudança da rotina do tutor, que voltou ao trabalho presencial após um longo período em home office.
3. Histórico Clínico e Comportamental
Thor sempre se mostrou um cão extremamente sociável, afetuoso e com forte apego ao tutor. Durante a pandemia de COVID-19, o tutor permaneceu em casa durante praticamente todo o dia, o que intensificou a convivência entre ambos. Com o retorno ao regime presencial, Thor passou a permanecer sozinho por períodos que variam entre 6 a 8 horas diárias.
Segundo o tutor, não há histórico de agressividade, fugas, anorexia ou eliminação inadequada. O paciente encontra-se clinicamente saudável, com vacinação, vermifugação e controle parasitário em dia. Não há histórico de doenças sistêmicas ou uso de medicamentos contínuos. Durante a consulta, foi possível observar um comportamento agitado e atenção exacerbada ao tutor, com sinais sutis de estresse na sua ausência momentânea.
4. Diagnóstico
O diagnóstico de ansiedade de separação moderada foi estabelecido com base nos critérios descritos por Schwartz (2002) e Landsberg, Hunthausen e Ackerman (2013), incluindo:
- Hipervinculação com o tutor
- Destruição focada em portas e janelas, locais de entrada e saída
- Vocalizações intensas durante a ausência do tutor
- Presença de sinais fisiológicos de estresse, como salivação excessiva, agitação e comportamento de espera constante
A ausência de outros fatores desencadeantes (como barulhos intensos ou mudança de ambiente físico) e a forte associação dos episódios à saída do tutor reforçam o diagnóstico comportamental.
5. Plano Terapêutico
5.1 Modificação Comportamental
- Implementação de dessensibilização sistemática, com treino de ausências graduais e recompensadas.
- Condicionamento clássico positivo das saídas do tutor, utilizando petiscos de alta palatabilidade (ex: fígado, patê ou ração úmida).
- Introdução de enriquecimento ambiental, com brinquedos interativos (Kong, ursinho, bola), quebra-cabeças alimentares e rodízio de objetos para manter o interesse.
5.2 Treinamento e Exercícios
- Obediência básica com uso exclusivo de reforço positivo, especialmente os comandos "fica", "senta" e "deita".
- Treinamentos para aumento gradual da tolerância à solidão, iniciando com períodos curtos (1 a 5 minutos) e evoluindo conforme o progresso.
- Sessões com adestrador comportamental certificado, realizadas três vezes por semana, focando na autonomia do animal e no autocontrole.
5.3 Orientações ao Tutor
- Evitar punições ou repreensões ao retornar para casa após comportamentos inadequados.
- Realizar saídas e retornos de forma neutra, sem despedidas afetivas ou reencontros efusivos.
- Estabelecer rotina previsível com horários consistentes para refeições, passeios e interações.
- Monitoramento contínuo da resposta ao tratamento, com ajustes semanais conforme evolução.
- Avaliação clínica periódica para exclusão de comorbidades (ex: hipotireoidismo, dor crônica).
6. Resultados e Discussão
Nas primeiras quatro semanas de intervenção, Thor apresentou redução visível nos episódios de vocalização, especialmente quando os brinquedos recheados e petiscos de alta palatabilidade foram associados à saída do tutor. A destruição de objetos, inicialmente presente quase diariamente, reduziu para 1 a 2 episódios semanais.
A técnica de dessensibilização mostrou-se eficaz, principalmente quando associada ao treino diário dos comandos de obediência básica. A presença do adestrador profissional contribuiu para a consistência do processo e para a orientação adequada ao tutor.
Ao longo de 12 semanas de acompanhamento, Thor foi capaz de permanecer sozinho por até 6 horas consecutivas sem demonstrar sinais de estresse, segundo relatos do tutor e gravações feitas por câmera. O enriquecimento ambiental manteve-se como um recurso essencial, reduzindo o tédio e promovendo bem-estar cognitivo.
A resposta positiva ao plano terapêutico reforça a eficácia das abordagens baseadas em reforço positivo, rotina estruturada e enriquecimento ambiental para o manejo da ansiedade de separação. O caso também ilustra como mudanças na rotina do tutor podem gerar impactos profundos na saúde mental do animal, especialmente em cães com histórico de hipervinculação.
Este caso corrobora os achados da literatura, como os estudos de Ogata (2016) e Sherman & Mills (2008), que apontam que a combinação de modificação comportamental e suporte ao tutor é o tratamento de escolha para a maioria dos casos de ansiedade de separação, reservando a intervenção farmacológica apenas para quadros graves ou refratários.
5. Conclusão
O caso de Thor demonstra que a ansiedade de separação pode ser gerenciada de forma eficaz com estratégias comportamentais, especialmente quando o tutor está engajado no processo. A combinação de treinamento, enriquecimento ambiental e orientação profissional resultou em melhora significativa na qualidade de vida do animal e na relação com seu tutor. Este relato reforça a importância do diagnóstico precoce e do tratamento individualizado dos distúrbios comportamentais em cães.
6. Extensão e Aplicações Práticas
Como forma de ampliar o alcance do conhecimento adquirido durante a condução deste estudo e contribuir com a comunidade tutora de cães, e Médicos veterinários sem muito conhecimento comportamental, foi desenvolvido um site informativo voltado à orientação de tutores quanto aos problemas comportamentais caninos, especialmente os relacionados à ansiedade de separação, e cães Agressivos, Reativos.
O site oferece:
- Conteúdo educativo baseado em literatura científica atualizada;
- Dicas práticas sobre modificação comportamental e enriquecimento ambiental;
- Materiais de apoio visual e vídeos explicativos;
- Um canal de contato para esclarecimento de dúvidas com orientação técnica.
Essa iniciativa visa promover o bem-estar animal por meio da educação dos tutores, sendo uma ferramenta complementar ao atendimento clínico-veterinário. O site reforça a importância da interação responsável com o pet, da busca por orientação profissional e da prevenção de problemas comportamentais por meio do manejo adequado.
Como parte das ações educativas decorrentes deste estudo, foi criado um site voltado à orientação de tutores, reforçando o papel do médico-veterinário não apenas como clínico, mas também como educador e promotor do bem-estar animal. A união entre ciência, prática e tecnologia se mostra essencial para o avanço da medicina veterinária comportamental. www.vetcomportamental.com.br
3. Metodologia
Este trabalho foi desenvolvido por meio de revisão bibliográfica, com o objetivo de analisar criticamente os impactos da antropomorfização canina no bem-estar animal, no manejo comportamental e na convivência em sociedade. Para tanto, foram utilizados artigos científicos, livros, periódicos acadêmicos e sites especializados, que abordam a temática com embasamento teórico e científico. As fontes foram selecionadas a partir de buscas realizadas nas bases de dados SciELO e Google Acadêmico, bem como em periódicos reconhecidos nas áreas de comportamento animal, etologia e medicina veterinária. Utilizaram-se os seguintes descritores: bem-estar, manejo, controle comportamental, consequências da humanização e problemas desenvolvidos.
Os critérios de inclusão adotados foram: Publicações disponíveis gratuitamente; Textos redigidos em língua portuguesa ou língua inglesa; Fontes que tratem diretamente da antropomorfização de cães e seus impactos comportamentais e sociais. Os critérios de exclusão consideraram: Artigos pagos; Publicações em outros idiomas que não o português ou o inglês; Conteúdos sem respaldo científico ou de caráter opinativo sem fundamentação teórica.
A leitura dos materiais foi realizada de forma descritiva e exploratória, com o intuito de identificar as principais abordagens e evidências científicas sobre o tema. Os dados obtidos foram organizados conforme os objetivos da pesquisa e submetidos a análise qualitativa, com vistas à interpretação crítica e reflexiva. Os recursos utilizados para a realização do estudo incluíram computador com acesso à internet, software de edição de texto (Microsoft Word), sistema operacional Windows, periódicos digitais e físicos, revistas especializadas e jornais de divulgação científica. Os resultados da pesquisa serão apresentados de forma descritiva, respeitando a ordem de relevância dos achados, permitindo a sistematização do conhecimento e a construção de uma reflexão fundamentada sobre os efeitos da antropomorfização no comportamento e bem-estar dos cães.
4. Cronograma
| Atividades | Fev.25 | Mar.25 | Abr.25 | Mai.25 | Jun.25 | Jul.25 | Ago.25 | Set.25 | Out.25 | Nov.25 | Dez.25 |
|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
| Escolha do Tema e Desenvolvimento da Ficha Técnica | X | ||||||||||
| Levantamento Bibliográfico | X | ||||||||||
| Elaboração dos Resumos Analíticos dos 5 Textos Selecionados | X | X | |||||||||
| Redação das Partes do Projeto | X | X | |||||||||
| Qualificação do Projeto | X | ||||||||||
| Desenvolvimento da Pesquisa de Campo | X | ||||||||||
| Análise dos Resultados e Discussão | X | ||||||||||
| Formatação do Artigo Final | X | ||||||||||
| Apresentação do TCC | X |
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